sábado, 27 de fevereiro de 2016

EM dia... 19/02/2016

" O mundo não é feito somente de raios de sol e arco-íris, é um lugar duro e maldoso e não importa o quanto você ache que é forte, ele sempre vai te deixar de joelhos e te deixar assim permanentemente se você permitir. Nem você nem ninguém vai bater tão forte como a vida. Mas isso não é sobre o quão forte você bate, é sobre o quão forte você aguenta ser golpeado e seguir adiante..."
(Rocky Balboa)

Mais um dia acordando em busca de tomar todas as medidas necessárias para trocar meu medicamento da esclerose! É basicamente, um misto de pink e cérebro (no meu caso, "tentando dominar" a doença) com a saga de star wars! São vários episódios longos e epopeicos! Aliás, desde 2013 que a vida tem sido assim! Pelo menos, fazem 3 meses que a minha cabeça tem girado menos. ISSO É UMA DÁDIVA que espero que perdure!
Pois bem, visando me organizar e aproveitar melhor a vida, em 2015, decidi realizar todos os meus check ups em janeiro/fevereiro! Eis que foram tantos médicos, tantos exames e novas descobertas médicas (incluindo um rim defeituoso e um surto forte de EM!), que 2016 começou "num piscar de olhos e eu nem vi...". Esse ano vem seguindo como 2015, me mostrando que a MINHA vida com esclerose não é mais tão fácil nem tão normal como permanecera pelos primeiros 6 anos de doença.
Mas, voltando a realidade de ir à riofarmes em pleno verão carioca, peguei meu táxi e segui toda animada! Afinal, dessa vez era um novo medicamento, nova esperança, novas orientações de uma nova médica (calma, doce, experiente e especialista em esclerose)!
Cheguei na farmácia após ter ligado para perguntar quais exames eram necessários e novamente, faltavam alguns!  Especificamente, aqueles relacionados ao herpes e ao HIV! Tudo novo, menos a ineficiência constante da secretaria estadual de saúde! Essa é bastante antiga e em menos de 2 meses, errou 2 vezes comigo, nas únicas vezes que necessitei dos serviços de liberação de medicamentos especiais.
Pensei em berrar, mas, calmamente parti para o trabalho! Afinal, berrar com a atendente do primeiro guichê de cadastramento não resolveria ABSOLUTAMENTE NADA! Fui bufando para o Inea me sentindo quase tão enjoada quanto frustrada! Decidi verificar se eu ao menos já tinha os exames de herpes prontos! Fuxiquei meus emails e pra minha infelicidade, NÃO TINHA!
Entrei em contato com a neurologista, que por sorte, é minha vizinha e combinei de pegar o pedido médico amanhã de manhã (sábado), no prédio dela para realizar a coleta de sangue de uma vez! Meu objetivo é demorar o mínimo possível para obter o resultado, visto que viajo dia 21 e só retorno 28 a tarde!
A indignação foi grande, tamanha a incoerência do SUS! Me exigiram um exame de herpes e não me exigiram "N" outras virologias ainda mais sérias em associação direta com a administração de Natalizumabe (remédio que irei tomar, se a burocracia e Deus, quiserem!).
Para receitar esse medicamento, é extremamente importante que se teste o vírus JC, que é bastante comum na população (presente em cerca de 50% das pessoas) e inofensivo em pessoas normais. Porém, em pacientes com histórico de  imumossupressão e em uso de Natalizumabe, este vírus pode levar à leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP), doença que não tem cura, que leva rapidamente a morte e que "põe a esclerose múltipla no chinelo!"
Para o SUS, meu JC negativo é tão "importante", que me foi devolvido. Mas, o herpes ficou retido na farmácia! Como disse a minha neurologista, rindo e desacreditando: "fala sério!"
Quem sabe, o fato do JC test ser feito na Dinamarca (ainda que gratuitamente) não faça com que ele seja ignorado pelo SUS!?
Coisas que eu Já não Compreendo! E essa vida esclerosada segue! Nada perfeita, mas, MINHA!

domingo, 14 de fevereiro de 2016

EM Carnaval...

"(...) O homem sério que contava dinheiro parou 
O faroleiro que contava vantagem parou 
A namorada que contava as estrelas parou 

Para ver, ouvir e dar passagem  

A moça triste que vivia calada sorriu 

A rosa triste que vivia fechada se abriu 
E a meninada toda se assanhou 

Pra ver a banda passar 

Cantando coisas de amor 


O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou 

Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou 

A moça feia debruçou na janela 

Pensando que a banda tocava pra ela  

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu 

A lua cheia que vivia escondida surgiu 

Minha cidade toda se enfeitou 
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor (...)" 


(A banda - Chico Buarque)

Esse carnaval começou com um quê de insegurança, afinal, passaríamos eu e meu filho Lucas, sem o papai Rodrigo e a nossa secretária Gabriela. Teríamos o apoio e a casa da vovó para comer, descansar e sobretudo, dormir; mas, estaria eu preparada para o carnaval carioca? Poder vestir no Lucas cada uma das muitas fantasias deste ano, para curtirmos juntos? 

Resolvi não pensar, não me preparar, não fazer agenda de blocos e bailes... Resolvi replicar a minha resolução de ano novo de 2016, e viver um dia, uma hora, um minuto, um segundo de cada vez.

Deixei de ser a namorada que contava as estrelas, a moça triste que vivia calada, a 'esclerosada' fraca e a moça 'gorda'. Me MEXI no sofá, como mexi nesta música. Levantei, me debrucei nas grades da janela, SORRI! E sorrindo, esqueci do cansaço e pensei, na minha cidade maravilhosa toda enfeitada! Começamos pelo baile infantil do Boulevard Rio Shopping. Daí, fomos para rua e vimos passar a "Marcha Nerd", o "Thriller Elétrico", os "Dinossauros Nacionais" e até uma "Brasília Amarela", que deu de cara com os seguidores de um certo "Sargento Pimenta"! Não fui a todos os blocos que amo, pois eu teria que ter um vira-tempo (no melhor estilo Hermione Granger), mas amei, Amei, AMEI, AMEEEEEEIIIIIIIII cada segundo do meu carnaval, e creio que Lucas também! Foram algumas espumas, muita terra e água nas pracinhas, pastéis, salsichões, refrigerantes e até uma leve vomitada no táxi! Ele foi artista de frevo, Alladin, palhaço, cigano e terminou a farra como um índio LINDO, no baile infantil do Tijuca Tênis Clube. 

Foi uma semana em que Lucas encontrou amigos, e eu também: de escola, de curso de inglês, de faculdade, de trabalho, da VIDA! Houve ainda espaço para família! Foi um carnaval épico, quase mágico! Do tipo que me fez precisar de férias URGENTES, porque as pernas esclerosadas ainda estão "cansadinhas" e me desobedecendo! Na quinta-feira (11/02), voltei ao trabalho, Lucas à escola e papai voltou para casa. A vida voltou ao normal e a cidade está voltando aos poucos. Nesse ponto, gostaria de questionar que essa cidade normal, está longe de ser meu ideal e o ideal de muitos! Ainda assim, escolhi curtir o carnaval, o que, em suma, foi maravilhoso, pois me fez questionar: Se estou bem para curtir, porque não para lutar por direitos? Por uma cidade, um estado, um Brasil e um mundo MELHORES?

Esse texto surgiu, em, parte, porque vi alguns esclerosados afirmando o quão impossível seria curtir o carnaval. Pois bem, esclerosada há 8 anos, eu curti e MUITO! Não objetivo dar lição em ninguém, mas, convidá-los a refletir sobre o quanto, muitas vezes, o nosso maior limitante é o nosso psicológico, a MENTE contra o CORPO. Então, vos digo, em especial para esses amigos de doença e luta: 

"Entendo as dificuldades de vocês! Mas, lhes digo! Saí todos os dias de carnaval, no calor senegalês do RJ, com meu filho de 4 anos a tira-colo e, pasmem, EM SURTO, desde NOVEMBRO! Sou mais do que a Esclerose! Fui pro sol, sintetizar vitamina D! Foco em um dia depois do outro! Pois, como diz Stephen Hawkings: onde há vida, há ESPERANÇA!"